[22/10/2009] Boas ideias tornam-se ainda melhores quando podem deixar a teoria e migrar para a prática. Foi com base neste princípio que 12 equipes formadas por alunos de graduação da Unicamp conceberam trabalhos para participar do Desafio de Projetos, iniciativa do Ramo Estudantil IEEE Unicamp e Centro Acadêmico Bernardo Sayão (Cabs), com apoio da Faculdade de Engenharia Elétrica e de Computação (FEEC) e Agência de Inovação Inova Unicamp. Do total de grupos inscritos, quatro foram classificadas para a final. Todos produziram protótipos com potencial para futuras aplicações, como um dispositivo capaz de controlar a temperatura do chuveiro elétrico e o tempo de banho ou um gerador que transforma energia solar em elétrica. Os vencedores,  o alto falante a plasma, o dispositivo que controla a temperatura do chuveiro e o violão digital foram conhecidos na noite de quinta-feira (22) e  receberam, respectivamente, R$ 3 mil, R$ 2 mil e R$ 1,5 mil.

Além dos dois protótipos citados, os finalistas produziram ainda um violão digital e um alto-falante a plasma. De acordo com o professor Max Costa, diretor da unidade e que contribuiu para a organização do evento, a complexidade e a qualidade dos projetos apresentados pelos finalistas superaram as expectativas. “Todos os projetos têm um nível excelente, o que demonstra o grau de capacidade e de envolvimento dos estudantes com o desafio proposto. Outro resultado importante proporcionado por essa iniciativa foi o estímulo à criatividade e à disposição dos alunos de trabalhar em grupo”, aponta. Erico Vieira, membro do Cabs, concorda com o docente da FEEC. Segundo ele, a qualidade dos projetos ficou acima do previsto. “Esperamos que isso sirva de incentivo para que outros estudantes participem da edição 2010 do Desafio de Projetos. É muito interessante ter a oportunidade de transformar uma ideia em algo palpável”, analisa.

Conforme Carina Germer, também integrante do Cabs, as equipes tiveram total liberdade para desenvolver seus trabalhos. “O tema foi aberto. Cada equipe contou com uma ajuda de custo de R$ 500 para a compra de materiais, mediante a apresentação de notas fiscais. Além disso, os grupos também puderam utilizar os laboratórios da FEEC. As únicas exigências foram que os projetos fossem transformados em protótipos e que pelo menos um dos membros da equipe fosse aluno da Elétrica”, explica. Tanto os dois representantes das entidades estudantis quanto o professor Max Costa consideram que as quatro propostas finalistas têm possibilidade de gerarem produtos comerciais futuramente, desde passem pelos naturais aperfeiçoamentos.

Entre os projetos finalistas, um chamou a atenção do público que passou nesta quinta-feira pelo saguão de entrada da FEEC: o violão digital. Segundo um dos idealizadores do projeto, Daniel Pastore[VÍDEO], a ideia surgiu de uma necessidade prática de um colega. “Ele queria encontrar uma solução que ajudasse a liberar a mão esquerda no momento de tocar. Assim, no lugar das cordas, o braço do instrumento ganhou botões com LEDs, cada um referente a um acorde completo. Basta a pessoa acionar os botões e tanger as cordas próximas à caixa de ressonância para gerar um sinal elétrico. As informações são captadas por um processador, que por sua vez verte o som em padrão digital do tipo MIDI.  Esse tipo de solução pode ser muito útil para as pessoas que ainda estão aprendendo a tocar violão. É só programar uma música para que os LEDs se acendam e indiquem quais botões devem ser acionados na sequência. É o mesmo princípio daqueles pianos de criança”, compara Daniel.

Marco Rebechi [VÍDEO]e Theo Pereira também abusaram da criatividade ao conceberem um dispositivo para controlar a temperatura do chuveiro e o tempo do banho. Além desses atributos, o invento ainda tem a vantagem de tocar músicas em diversos formatos digitais, como o MP3. “Dá para tomar banho curtindo o som preferido”, apregoa o primeiro. Segundo ele, o controle de temperatura dos chuveiros convencionais é ineficiente. Normalmente, eles oferecem uma chave com opções como inverno ou verão ou quente e morno. “A tecnologia que propusemos permite que a pessoa controle exatamente a temperatura da água do seu banho, que pode ser de 25, 37 ou 40 graus centígrados. O único trabalho é digitar o número desejado”, diz.

Como complemento, o aparelho ainda informa quanto tempo durou o banho. Isso é especialmente útil, conforme Theo, numa casa com muitos moradores, como uma república de estudantes. “Como o equipamento comporta o cadastro de até dez pessoas, basta fornecer uma senha para cada uma delas. Cada vez que alguém tomar banho, ficarão registradas na memória a temperatura escolhida e a duração do banho. Quando chegar a conta de energia elétrica, ficará fácil calcular o que cada um gastou ao longo do mês”, detalha. Segundo os dois estudantes, uma das possibilidades no futuro é acoplar ao equipamento um mecanismo que meça a quantidade de água gasta e outro que programe o tempo de banho.

Diferente dos alto-falantes que produzem som a partir da conversão eletromecânica de energia, visto que movem um diafragma que transmite ao ar as vibrações sonoras, o alto-falante a plasma desenvolvido pelos estudantes Felipe Rodrigues[VÍDEO] e Eric Baum dispensa essa interface mecânica. Por meio da energia presente num arco voltaico, o próprio ar é usado como diafragma, por meio da sua compressão e expansão. “Essa solução é especialmente indicada para o uso em altas freqüências, pois evita as distorções normalmente geradas pelos alto-falantes convencionais”, assegura Felipe.

Quanto ao gerador de energia elétrica inventado pelos estudantes Douglas Geraldi, Felipe Furlan e Gustavo Vitorino, a solução abre perspectiva para suprir a necessidade de energia elétrica em comunidades isoladas ou remotas. A proposta é captar energia solar para operar um pequeno motor, que por sua vez movimenta um gerador elétrico do tipo dínamo. “Ele também pode ser usado em sistema de co-geração, como em empresas que geram muito calor ao longo de seus processos produtivos, como uma fundição ou uma siderúrgica”, infere Douglas.